quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Programa Nascentes

Proteger a vegetação nativa em torno dos mananciais é fundamental para garantir a segurança hídrica. Pensando na qualidade da água desde a sua fonte, a Sabesp cuida e monitora mais de 33 mil hectares em áreas protegidas na Região Metropolitana de São Paulo. Para garantir a melhoria dos sistemas de produção de água em qualidade e quantidade, a Companhia mantém inciativas de conservação ambiental e reflorestamento das matas, nos entornos das represas, rios e nascentes.

São áreas importantes para a proteção dos mananciais, a Reserva Florestal do Morro Grande, no Sistema Alto Cotia, áreas do Sistema Rio Claro, no Parque Estadual da Serra do Mar e a Área de Proteção Ambiental Capivari. A Companhia também colabora com a preservação e conservação do Parque Estadual da Serra da Cantareira e do entorno das represas Jaguari, Jacareí, Cachoeira, Atibainha e Paiva Castro, todas incluídas na Área de Proteção Ambiental do Cantareira.

Um Milhão de Árvores no Cantareira

Em uma iniciativa motivada pela crescente preocupação ambiental, a Sabesp firmou uma parceria com as organizações The Nature Conservancy (TNC) e Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), e com a empresa pública paulista Desenvolvimento Rodoviário S.A. (Dersa). Juntas, essas quatro instituições ultrapassaram a meta inicial do projeto Um Milhão de Árvores no Cantareira alcançando a marca de 1 milhão e quatrocentas mil árvores entre 2007 e 2010.

O projeto tem como principal objetivo reflorestar áreas no entorno das represas que compõe o Sistema Cantareira, preservando a qualidade e quantidade das águas desse manancial. Isso ajuda a proteger na totalidade a bacia hidrográfica de onde a Sabesp capta água para abastecer 60% da Grande São Paulo.

Foram plantadas 80 espécies de árvores, todas nativas da Mata Atlântica. Parte das mudas plantadas foram cultivadas nos viveiros Jaguari e Alto Cotia, ambos da Sabesp.

Nascentes

A mata ciliar, que é a formação de vegetação nas margens dos rios, córregos, lagos, represas e nascentes, desempenha uma função ambiental muito importante para manutenção da qualidade da água, estabilidade dos solos, regularização dos ciclos da água e conservação das espécies. Ela funciona como os cílios dos nossos olhos, que evitam entrar sujeita em uma parte delicada e importante do nosso corpo.

Sem esse abraço verde em torno das águas, terra, lixo e sujeiras de todo o tipo vão para dentro dos mananciais, trazendo prejuízos ecológicos e dificultando o tratamento de água para o abastecimento. Para ampliar a cobertura de mata ciliar em todo o estado, o Governo de São Paulo criou o Programa Nascentes, do qual a Sabesp faz parte.

Pensando no seu compromisso com o meio ambiente, a Sabesp tem um programa corporativo de plantio e manutenção de 1 milhão de mudas nos próximos anos.

Atualmente, já foram plantadas 213 mil mudas de espécies nativas em áreas do Sistema Cantareira e, até março de 2018, serão plantadas aproximadamente 500 mil mudas. Durante os próximos anos a Sabesp plantará mais 330 mil mudas, alcançando mais de 1 milhão. A empresa realiza a manutenção e monitoramento para garantir o sucesso da restauração.

Além do Sistema Cantareira, a Companhia prevê plantio no Mirante do Paranapanema, no interior do Estado e no entorno do Rio Paraíba do Sul, que banha os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Adicionalmente, a Companhia também participa do Programa Nascentes através de plantio em áreas do reservatório Taiaçubeba, sendo que das 263 mil mudas previstas já foram plantadas 190 mil.

Além de todos os benefícios para manter a qualidade e a quantidade da água necessária para a população, a recuperação das matas ciliares também colabora com a redução de erosão do solo, enchentes e protege a biodiversidade.

Proteção e restauração de mata ciliar

O Programa Nascentes alia a conservação de recursos hídricos à proteção da biodiversidade por meio de uma estrutura institucional inovadora. O programa de governo, que envolve 12 secretarias de estado, otimiza e direciona investimentos públicos e privados para cumprimento de obrigações legais, para compensação de emissões de carbono ou redução da pegada hídrica, ou ainda para implantação de projetos de restauração voluntários.

O programa une especialistas em restauração, empreendedores com obrigações de recuperação a serem cumpridas e possuidores de áreas com necessidade de recomposição da vegetação nativa.

Metas
Com este Programa, será promovida a restauração de cerca de 20 mil hectares de matas ciliares. A meta da primeira fase do programa é recuperar 4.464 hectares de matas ciliares, utilizando 6,3 milhões de mudas de espécies nativas.

Com quase dois anos de programa , foram realizados plantios em áreas prioritárias de X municípios. São 3.940 hectares em processo de restauração, o que equivale a mais de 6.5 milhões de mudas (considerando o espaço padrão 2m x 3m, ou seja 1667 mudas por ha) plantadas ou 9200 campos de futebol (O padrão Fifa tem o campo oficial com 7.140m2). O programa ainda conta, atualmente, com 13 projetos prontos para contratação e mais de 105 mil hectares disponíveis para receber projetos de restauração, utilizando-se de informações prestadas no Cadastro Ambiental Rural (CAR).
A importância das matas ciliares
A figura abaixo ilustra a presença ou não das matas ciliares e as respectivas consequências.

Do lado esquerdo, temos um rio saudável, com a mata ciliar auxiliando a ação da natureza. Já do lado direito temos os malefícios da ausência dessa vegetação. Sem as matas ciliares, as nascentes secam, as margens dos rios e riachos solapam, o escoamento superficial aumenta e a infiltração da água no solo diminui, reduzindo as reservas de água do solo e do lençol freático. As consequências são dramáticas para o meio ambiente: a poluição difusa chega facilmente aos mananciais, a vida aquática é prejudicada, a ocupação desordenada chega às margens de rios e reservatórios, transformando-os em grandes esgotos ou lixões.

Certificado e Selo Nascentes
Pode receber o Certificado toda pessoa física ou jurídica que execute um projeto de restauração ecológica dentro do Programa Nascentes, aprovados pelo Comitê Gestor.

Os projetos voluntários que restaurem pelo menos 10 hectares, ou que para o cumprimento de obrigações legais adicionem 10 hectares ao projeto ou realizem o dobro da restauração exigida, garantem à empresa o Selo Nascentes, ícone do comprometimento com a preservação do meio ambiente e preocupação com a segurança dos recursos hídricos do estado de São Paulo. Maiores informações: Resolução SMA nº 50, de 24 de julho de 2015

Banco de Áreas
O Banco de Áreas é o cadastro de áreas disponíveis para restauração ecológica no Estado, dividido entre áreas públicas e áreas privadas.

Áreas do ITESP contém áreas provenientes de assentamentos do ITESP. Atualmente conta com cerca de 12.000 hectares de áreas a serem recuperadas nos assentamentos estaduais localizados em 29 municípios do Estado.
A Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo “José Gomes da Silva” – Fundação ITESP, vinculado à Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, é a entidade responsável por planejar e executar as políticas agrária e fundiária do Estado de São Paulo. Dentre as inúmeras atividades que promove está a democratização do acesso a terra, em benefício de posseiros, quilombolas, trabalhadores rurais sem, ou com pouca terra.

Áreas do CAR é composta por Áreas de Preservação Permanente (APP) desprovidas de vegetação, resultantes da inscrição de imóveis no Cadastro Ambiental Rural (CAR), onde o proprietário manifestou interesse em disponibilizar sua APP para restauração ecológica com recursos de terceiros.

Áreas em Unidades de Conservação (UCs) é composta por áreas da Fundação Florestal localizadas dentro de Unidades de Conservação e que necessitam de processos específicos de restauração.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Sistema Cantareira

A ORIGEM DO NOME

Por ser o local pouco habitado até fins do século XIX, uma região de fazendas e chácaras, os tropeiros que faziam o comércio entre São Paulo e as outras regiões do país, nos séculos XVI e XVII, passaram a chamá-la de CANTAREIRA por causa da grande quantidade de nascentes e córregos encontrados na região.

Naquele tempo era costume armazenar água em jarros chamados cântaros, e, chamava-se “Cantareira” o local onde os cântaros eram guardados.

UM POUCO DA HISTÓRIA DO SISTEMA CANTAREIRA VELHO

Em 1863, o governo da Província comissionou o engenheiro inglês James Brunless para estudar um plano de abastecimento de água e coleta e disposição de esgotos, que auxiliado pelos engenheiros Hooper e Daniel Makinson Fox, levantou a planta topográfica da cidade de São Paulo.

Já no ano seguinte, foi apresentado o relatório que indicava a adução das águas da Serra da Cantareira para abastecimento da cidade, mas, devido ao alto custo, esse projeto não foi executado.

Em 1875 o governo celebra contrato com os concessionários, coronel Antonio Proost Rodovalho, major Benedito Antonio da Silva e Daniel Makinson Fox, para implantar um sistema de abastecimento de água na Capital, colocando-se em prática o projeto elaborado em 1863.

Em 1877, organiza-se a empresa Companhia Cantareira e Esgotos com objetivo de explorar os serviços de água e esgotos da Capital. As obras são então iniciadas e os materiais encomendados na Inglaterra. Foram construídos dois grandes reservatórios de acumulação para represamento dos mananciais na Serra, e em 12 de maio de 1881 foram concluídas as obras para abastecer de água o dobro da população na época, que era de 30.000 habitantes.

Em 1882 alguns chafarizes já recebiam águas do novo manancial e, em 1883 os moradores de 71 prédios do bairro da Luz começaram a receber água em casa, quando também ficou pronto o reservatório velho da Consolação com 6.500 metros cúbicos de capacidade, abastecendo a área central da cidade.

Em 1893, para forçar a instalação de rede de água nos domicílios, a Companhia Cantareira mandou demolir os chafarizes que tinha entregado ao público 11 anos antes, o que causou grande revolta na população.

E, como os serviços prestados pela Companhia Cantareira já estava em queda, o Estado assume tais encargos, dessa forma foi criada a Repartição de Águas e Esgotos da Capital – RAE, sendo que em 2 anos executou mais obras do que a antiga Companhia, que levava 10 anos para instalar equipamentos.

O Estado ampliou as aduções de água e, visando à captação e proteção das nascentes, adquiriu áreas na região a partir de 1890. Esta área compõe a superfície atual do Parque Estadual da Serra da Cantareira, com 7.916,2 hectares, sendo decretada “Reserva Florestal do Estado” e, em 1963 tornou-se Parque.

Em 1893 construiu-se a adutora do Guaraú até o reservatório da Consolação e fez-se na Serra a captação dos córregos Bispo, Itaguassu e Menino. Entre os anos de 1895 e 1898 foram completadas as aduções de todos os recursos hidráulicos da Serra da Cantareira. Em 1903, o volume médio de água fornecido à cidade era de 40.119 m3/dia. E, em 1907 foram concluídas tambem as obras da adutora do ribeirão Cabuçu.

No final da década de 1920 foi criada a Comissão de saneamento para procurar soluções para o abastecimento da cidade com obras de adução do Rio Claro e um plano de emergência para desviar águas da adutora do Guaraú para o reservatório do Belenzinho, sendo que em fins de 1929 a cidade recebia 231.400 m3/dia.

Já em 1940 a cidade recebia 310.800 m3/dia, mas, o abastecimento continuava deficiente, o que demandava um planejamento contínuo para novas aduções. Em 1958, a cidade contava com 2.917 quilômetros de rede de água com 308.536 ligações com uma contribuição de 708.800 m3/dia.

O Sistema Cantareira Velho continuou funcionando até a década de 1970, quando se iniciou o aproveitamento das águas do Rio Juquerí, hoje denominado Sistema Cantareira.

ESTUDOS E PROJETOS DO SISTEMA CANTAREIRA

Em 1962 foi criada a Comissão Especial para o Planejamento das Obras de Abastecimento e Distribuição de Água da Capital (Cepa), iniciando estudos concretos para aproveitamento das águas do Rio Juquerí, participaram dessa comissão os engenheiros Victor Oscar de Seixas Queiróz, Paulo de Paiva Castro, José Chiara, Eduardo Gomes dos Reis, Eduardo Borba Ney Corsino e Vicente de Sá Barbosa, além de técnicos de outras entidades.

O projeto previa o aproveitamento das águas do Rio Juquerí, que em etapas futuras receberia a contribuição dos rios Atibainha, Cachoeira e Jaguari (na área das Bacias Hidrográficas dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, as Bacias PCJ), com adução prevista de 17 metros cúbicos por segundo, sendo que em 1964 foram iniciados os estudos pela Comissão Especial de Obras Novas (Ceon).

Em 1967 constatou-se a possibilidade de adução para 22 metros cúbicos por segundo por meio de inúmeras reformulações no projeto original.

Em 1968 foi criada a Comasp (Companhia Metropolitana de Águas de São Paulo), para captar, tratar e vender água potável no atacado a 37 municípios da RMSP, inclusive o próprio DAEE na capital, para isso, deveria projetar, construir e operar todas as barragens, túneis e sistemas adutores metropolitanos destinados a fornecer água potável até as redes distribuidoras das cidades, assumindo total responsabilidade pelo desenvolvimento Sistema Cantareira.

SISTEMA CANTAREIRA ATUAL

Em 1969, o “Plano de Desenvolvimento Global dos Recursos Hídricos das Bacias do Alto Tietê e Cubatão” – Plano Hibrace, elaborado pelo DAEE, fixou a capacidade final do sistema em 33 metros cúbicos por segundo, ampliando a vazão revertida dos rios Jaguari e Jacareí, sendo que, a partir de 1973 passou a ser desenvolvido pela SABESP.

O Sistema Cantareira produz hoje, metade da água consumida pelos 19 milhões de habitantes da RMSP, sendo um dos maiores sistemas produtores de água do mundo com 33 m3 por segundo, tem uma área de aproximadamente 228 mil hectares e abrange 12 municípios, 4 deles em Minas Gerais. As águas produzidas pelo sistema são em sua grande maioria provenientes das bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (Bacias PCJ) e transpostas para a região da Bacia do Alto Tietê, onde se localiza a grande São Paulo.

O sistema contém estruturas hidráulicas de regularização de vazões e de adução de água de grande porte.


O território que envolve o sistema, que já foi predominantemente rural, passou por intensas mudanças nas últimas décadas, tanto pela região ser recortada pelas rodovias Dom Pedro I e Fernão Dias, como pela proximidade com a RMSP, o que a torna atrativa tanto para a industrialização, o mercado imobiliário e suas belas paisagens.

Por enquanto, a urbanização não é intensa o suficiente para comprometer de forma definitiva os corpos de água da região, e a qualidade da água no sistema é, em geral, boa. Porém, a piora na qualidade da água já pode ser verificada em quase todos os principais tributários. Se essa tendência se confirmar, o Sistema Cantareira corre o risco de passar a conviver com os mesmos problemas de outros mananciais da RMSP, como Guarapiranga e Billings, dessa forma, é importante e urgente, que os responsáveis pela gestão dessa região – municípios, estados, união e sociedade civil organizada – passem a olhar o Sistema Cantareira de forma integrada.
O Sistema da Cantareira, conforme se vê no esquema, é composto por:

• Cinco reservatórios de regularização de vazões: Jaguari e Jacareí (interligados), Cachoeira, Atibainha e Juquery (ou Paiva Castro).
• Túneis e canais de interligação para transferência de água de uma represa para outra mais à jusante.
• Uma estação elevatória de água (Santa Inês), responsável por recalcar a água dos cincos reservatórios captada no último deles.
• Um reservatório (Águas Claras), que, pela capacidade e a vazão por ele veiculada, pode ser considerado “tipo pulmão”, com a finalidade de manter o fluxo contínuo de água para ETA Guaraú.
• Uma estação de tratamento de água: a ETA do Guaraú.

Sendo que a operação dessas estruturas de regularização é regida por regras objetivas a fim de atender às demandas e manter estoques de água nos reservatórios para superar situações críticas de estiagem e/ou proporcionar controle de cheias em épocas chuvosas. Atualmente, tais regras são definidas pelos documentos da outorga válida desde agosto de 2004 (Portaria DAEE nº1213/2004), que tem validade até 2014 e que tem entre as principais garantias a definição de uma vazão máxima de água que pode ser retirada da porção do sistema inserida nas Bacias PCJ, com o estabelecimento de um ‘Banco de Águas’, a definição de metas de tratamento de esgotos nos municípios do PCJ e o monitoramento destas ações pela Agência Nacional de Águas (ANA), Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo (DAEE) e os dois comitês das respectivas bacias hidrográficas.Essa outorga prevê a retirada de, no máximo, 31 m3 por segundo de água pela Sabesp, para abastecimento da RMSP, e 5 m3 por segundo para as bacias PCJ.

O volume mínimo de água a ser revertido para a RMSP é de 24,8 m3/seg e 3 m3/seg. para o PCJ.
O ‘Banco de Águas’ permite o armazenamento do volume não utilizado no período das chuvas para uso no período de estiagem, funcionando como uma poupança para as regiões utilizarem em períodos em que a falta de chuva exige maior atenção.

Para monitorar o banco de águas os Comites PCJ criaram uma Câmara Técnica de Monitoramento Hidrológico, que informa a ANA e o DAEE mês a mês, os volumes necessários para suprir à demanda de água na região à jusante do Sistema. E, os órgãos gestores passaram a emitir, desde agosto de 2004, um comunicado conjunto informando à Sabesp e aos Comitês PCJ o saldo para o mês subsequente, obtido a partir da contabilização dos volumes não utilizados a que cada região tem direito, para posterior compensação.

A Sabesp também ficou encarregada de firmar, em conjunto com os municípios e demais entidades operadoras de serviços de saneamento na área de atuação dos Comitês PCJ, um Termo de Compromisso com estabelecimento de metas a serem cumpridas até 2014, ano da renovação da outorga, para tratamento de esgotos urbanos, controle de perdas físicas nos sistemas de abastecimento de água e ações que contribuam para a recarga do lençol freático.

De uma forma geral, a outorga 2004/2014, representou avanços, pois formalizou regras e procedimentos operacionais, que antes se davam através de negociações entre a Sabesp e os municípios, e trouxe maior transparência ao processo e garantias para as partes envolvidas.

O Consórcio PCJ pretende contribuir para a construção do processo de discussão para a renovação da outorga, em 2014, de forma prudente e harmoniosa, com o máximo de atendimento necessário e possível, garantindo a sustentabilidade hídrica do setor produtivo e, também para a atual e futuras gerações.

A região já se mobilizou para aumentar a vazão dos atuais 5 m3/seg. para, no mínimo, 10 m3/seg., o que, segundo o presidente da ANA, Vicente Andreu Guillo, já deveria ter acontecido por ocasião da outorga de 2004, uma vez que a bacia PCJ possui uma disponibilidade hídrica de 408 m3/habitante/ano, comparável à do Oriente Médio, ao passo que a Organização Mundial da Saúde recomenda o mínimo de 1.500 m3/habitante/ano, sendo assim, é inegável que as bacias PCJ necessitam de mais água para o abastecimento público e também para não travar o desenvolvimento econômico, isto porque, tem-se verificado nos últimos anos, um deslocamento do eixo econômico da grande São Paulo para a região das bacias PCJ.

Com isso, foi criado pelo governo do estado de São Paulo, o projeto denominado Macrometrópole Paulista, que tem por objetivo efetuar estudos visando suprir as necessidades de abastecimento com recursos hídricos nas 3 regiões metropolitanas do Estado de São Paulo que são: Grande São Paulo, Campinas e Baixada Santista. Essa macrorregião é composta por 180 municípios com 75% da população do Estado de São Paulo e 16 % do Brasil; 21% da área do Estado de São Paulo e 0,6% do Brasil e com PIB de 77% do Estado de São Paulo e 23% do Brasil.

Cabe ressaltar também que as Bacias PCJ tem cumprido a lição de casa; ampliou de 3% para 60 % o tratamento de esgotos domésticos, implantou a cobrança pelo uso da água em todo seu território, desenvolve ações de combate a perdas no sistema de abastecimento, de racionalização do uso da água, de proteção das nascentes, e de sensibilização das comunidades, entre outras.

Acreditamos que a proposta defendida, de aumento de vazões a partir de 10m3/seg., seja o mínimo necessário para que a região não enfrente problemas de escassez que possam afetar a qualidade de vida da população e o desenvolvimento sócio econômico da região das Bacias PCJ.

by EDUARDO L. PASCHOALOTTI e WALDOMIRO MARTINI NETO para a ÁGUAS DO BRASILhttp://aguasdobrasil.org/edicao-06/sistema-cantareira.html

Sistema Cantareira: Compartilhando Desafios

Publicado em 24 de abr de 2013
Vídeo conta a história do Sistema Cantareira e os desafios futuros para a abastecimento de duas das principais regiões econômicas do Brasil, A Grande São Paulo e as Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí. O Cantareira é um complexo de cinco represas que abastecem cerca de 14 milhões de pessoas. Pensando nisso, O Consórcio PCJ produziu um vídeo que explique sobre o sistema que será usado no Projeto Semana da Água 2013 e em capacitações técnicas.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Os limpadores de esgoto

A difícil vida dos limpadores de esgoto na Índia
Mais de 1 milhão de pessoas da casta "intocável" (dalit) da Índia ainda são responsáveis pela limpeza de esgotos, drenos e latrinas - sem equipamentos de proteção.

O mergulhador de esgotos do México
Conheça o homem que nada através de excrementos humanos, resíduos tóxicos e cadáveres podres.

Para saber mais:

Limpeza Manual de esgotos, drenos e latrinas (IDSN)

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Água de Chuva e Esgoto

clique na figura para ampliar:
Boca de Lobo de Guia
Boca de Leão ou Grelha
Bocas de Lobo e Grelha Conjugadas
Bueiro: passagem que é construída por tubos ou galerias para a passagem da água (da chuva, de rios e de esgoto) por baixo de rodovias e ferrovias.
Tampa de um Poço de Visita de Rede de Drenagem - Tem furos:
Tampa de um Poço de Visita de Rede de Esgoto - Não tem furos por causa dos gases do esgoto:

Para saber mais:

Manual de Drenagem e Manejo de Águas Pluviais (PMSP, 2012)
Apostila de Microdrenagem Urbana (FAU-USP, 2015)

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Pirâmide Etária do Brasil

link: Retroprojeção da População do Brasil por sexo e idade: 2000-1980

Proporção da população, por sexo e idade. Brasil, 1980-2030


Taxas de Fecundidade Total. Brasil, 1980-2030

Número médio de filhos nascidos vivos, tidos por uma mulher ao final do seu período reprodutivo, na população residente em determinado espaço geográfico, no ano considerado.




Esperança de vida ao nascer. Brasil, 1980-2030



Além do Mapa

Link: Beyond the Map

Tela Inicial:
A experiência do Vídeo em 360° (clique nas figuras para ampliar)

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Mais de 70 satélites de posicionamento global estão em órbita.

by Instituto GeoEduc

VOCÊ SABIA QUE ESTÃO EM ÓRBITA SOBRE NOSSAS CABEÇAS EXATOS 74 SATÉLITES DE POSICIONAMENTO GLOBAL? E VOCÊ NOTOU QUE O SISTEMA NORTE-AMERICANO GPS JÁ NÃO REINA ABSOLUTO NOS CÉUS?



Com os lançamentos realizados no final de março de 2015, a “constelação” do sistema russo Glonass passou a possuir 28 satélites, sendo 24 operacionais. Já o GPS conta com 32 veículos em órbita, com 30 operacionais. Por sua vez, o sistema europeu Galileo chegou a 8 satélites, com 4 operacionais e o chinês Beidou já possui 17, sendo 16 operacionais.

Toda essa variedade de satélites para posicionamento e navegação ao redor do globo só melhoram a precisão e acurácia do trabalho dos profissionais de geotecnologia em solo, já que fornecem mais opções, principalmente se levarmos em conta locais com problemas para recepção de sinais, como por exemplo em áreas urbanas.

ENTENDENDO O GNSS

Mas, afinal, pra que tanta sigla? Apesar de popularizados com o termo genérico “GPS”, na verdade todos estes sistemas fazem parte de um grande grupo chamado de GNSS (Global Navigation Satellite System). Considera-se que, para ter cobertura global, uma constelação de satélites possua um número mínimo de satélites posicionados em órbita de forma que um receptor sobre a superfície terrestre possa sempre detectar pelo menos quatro satélites acima do horizonte. Nos sistemas GNSS, três satélites são suficientes para determinar as coordenadas do receptor em solo, enquanto o quarto satélite é utilizado para sincronizar o tempo.

REDES GNSS DE MONITORAMENTO CONTÍNUO

Em 2014 a Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo (RBMC) dos sistemas GNSS passou a contar com mais de 100 estações, o que foi considerado um marco para o setor de Geodésia no Brasil. Cada estação da RBMC é equipada com um receptor GNSS conectado a um link de internet, através do qual os dados são disponibilizados gratuitamente no portal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Fruto da parceria de dezenas de instituições públicas, dentre as quais destacam-se IBGE, INCRA e INPE, a RBMC é a estrutura geodésica de maior importância para o país.

Novas instituições estão entrando nesta parceria, como por exemplo a Universidade do Estado do Amazonas(UEA), contribuindo com mais estações no estado do Amazonas e o Observatório Nacional, através da cessão dos receptores GNSS.

Hoje, com mais de 110 estações, obtém-se o acesso ao sistema SIRGAS2000 em levantamentos realizados tanto no modo pós-processado quanto em tempo-real.

Destas estações, 92 operam também em tempo real através do serviço RBMC-IP, no qual dados e correções aos dados são disponibilizados via protocolo de Internet conhecido por NTRIP (Networked Transport of RTCM via Internet Protocol), sendo destinado a aplicações em tempo real para usuários que fazem uso da técnica RTK (relativo cinemático em tempo real) nos seus levantamentos.

Através das informações geradas pela RBMC podem-se obter coordenadas geográficas (latitude, longitude e altitude) com precisão de poucos centímetros, necessária para diversas aplicações e atividades profissionais que são realizadas em diferentes áreas, por exemplo, na engenharia, na navegação aérea e marítima, nos cadastros rural e urbano, agricultura de precisão, entre outras. Por isso, a RBMC, em operação desde 1996, tem sido uma ferramenta muito importante para o desenvolvimento das Geotecnologias no Brasil.


sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Rios Des.Cobertos

Montagem do protótipo
O projeto expositivo Rios Des.Cobertos é resultado do trabalho em conjunto entre o Estúdio Laborg e a Iniciativa Rios e Ruas, que pretende apresentar ao público a extensa bacia hidrográfica da cidade de São Paulo, em quase sua totalidade já escondida e coberta por ruas e avenidas, por meio de uma maquete interativa, a fim de problematizar o processo de urbanização das grandes metrópoles e as transformações ocorridas em suas hidrografias originais, além dos possíveis problemas enfrentados pelo desenvolvimento das cidades e pelos indivíduos que nela habitam.
Rios Des.Cobertos é uma exposição totalmente interativa composta por uma maquete e painéis/totens que convidam o público a descobrir os cursos d’água que correm pela capital paulista e a complexidade de sua geografia, cheia de vales e colinas. O público pode manusear os elementos para “montar” sua própria exposição.

Ao interagir com a maquete (foto) e os totens, todos compreenderão as condições naturais da metrópole, já que a exposição oferece experiências sensoriais que tornam o ambiente lúdico e incentivam o aprendizado com total liberdade de escolha em relação ao que se quer/pode descobrir. A intenção é mostrar que os rios estão vivos e convidar todos a se aproximarem deles, olhá-los e refletirem.

“A maquete em 3D é um passo enorme no nosso projeto porque, com ela, revelamos a tridimensionalidade da cidade e isso ajudará as pessoas a entender o que aconteceu com São Paulo e seus rios”, ressalta Bueno. “Com a maquete, a gente mexe no imaginário e convida os participantes a desenvolver o apreço, o amor, o afeto e o interesse pelas águas da cidade”.

Para a confecção da maquete foram utilizadas placas de MDF que, cortadas a laser, minimizam o desperdício. Além disso, as sobras foram devolvidas para o fabricante para reutilização. Produzidos com um tipo de papelão especial (que é um material reciclado e reciclável), os painéis expositivos geraram pouquíssimas sobras. Ou seja, a sustentabilidade ambiental do projeto não foi esquecida.
“O que a gente quer não é só mostrar que há rios vivos na cidade. Essa etapa está se cumprindo desde o início do nosso trabalho. O que a gente quer, mesmo, é mexer na cara da cidade, trazer esses rios de volta para a convivência com as ruas, com as pessoas, com a cidade – se não todos os rios, pelo menos alguns!

A gente está falando de mudar algo muito profundo na genética da cidade de São Paulo, uma cidade que, desde o início, ‘optou’ por abandonar sua relação com os rios. A gente tá mexendo com isso. Será que não é possível ter esses rios de volta? Será possível coexistir com essa natureza exuberante da cidade?

Se fizermos uma pequena intervenção – que é parte de nossa intenção maior -, se a gente conseguir, em alguns anos, redesenhar a cidade, um pequeno trecho urbano, revitalizar um rio, trazê-lo à luz novamente, mesmo que seja em um trecho pequeno e mostrar para os paulistanos que é possível…

Existe tecnologia pra isso. E, se for possível trazer um rio de volta, em 200 metros da cidade, será possível em qualquer outro lugar. E mais do que isso! Sabe o que a gente quer? A gente quer que São Paulo seja uma inspiração, um modelo de desenvolvimento harmônico para outros municípios. Quem sabe para os 5 mil municípios do Brasil!

Aí, sim, todo esse trabalho vai se tornar exemplar. Ou seja, a gente está trabalhando no pior lugar do mundo, no lugar que mais castigou suas águas, mas talvez seja daqui mesmo que saia a cura. Que saia a mudança de modelo para o Brasil inteiro. E isso será feito pelas pessoas.

Estamos atrasados porque o mundo já está dando exemplos de que isso é possível, que é possível recuperar os rios que sofreram com a canalização. Mas este é o nosso ritmo. E temos as bençãos dos nossos rios. Costumamos dizer que quem está nos protegendo nessa trajetória são os grandes orixás. São esses grandes seres que estão abençoando nossa jornada a favor da natureza e da vida”.

Do arquiteto José Roberto Bueno e do geógrafo Luiz Campos Jr., do projeto Rios e Ruas.
Rios Des.Cobertos
SESC VILA MARIANA
Rua Pelotas, 141
Horário de funcionamento: Terça a sexta 7h às 21h30 Sábados 9h às 21h Domingos e feriados 9h às 18h30
A exposição consiste numa maquete e num painel que controla um projetor que incide sobre a maquete
Painel de controle dos vídeos que interagem com a maquete em mdf.
Os rios "descobertos"
Os rios "descobertos" e os rios "cobertos".

Aqui passa um rio. E ele está vivo

extraído do site Brasileiros

Um movimento de resgate das fontes, córregos e rios ganha força na cidade de São Paulo. Ele se manifesta na forma de ações que mudam a relação dos paulistanos com as águas e fazem emergir o desejo de viver numa cidade sustentável

artigo de Mônica Tarantino


Na esquina das ruas Dr. Seng com Rua Rocha, no bairro do Bixiga, no centro de São Paulo, alguma coisa está fora da ordem. Sob o nome do logradouro, com a mesma letra, mas com menor destaque, lê-se: Bacia do rio Saracura. Que rio é esse? Bem, a placa é apenas um dos sinais do conjunto de iniciativas em torno da água que se espalha pela cidade, em especial depois do colapso hídrico de 2014.

Elas são a matéria-prima de uma nova narrativa que está nascendo a partir de intervenções de artistas, geógrafos, arquitetos, coletivos, organizações e simpatizantes de todas as idades. Uma das ações mais conhecidas são os festivais da Praça Homero Silva, rebatizada de Praça da Nascente, no bairro da Pompeia, na zona oeste de São Paulo, realizados anualmente pelo coletivo Ocupe & Abrace, que reúne moradores e ativistas. Com música, comida e grande diversidade cultural, o evento deu visibilidade ao movimento que recuperou o local e criou laguinhos com plantas e peixes, aumentou a segurança, a frequência e fez aparecerem, enfim, recursos públicos para uma reforma.

A água também é o alvo de grupos com nomes sugestivos como Aqui Passa um Rio, Rios (In)Visíveis, NascenteSP, Hortelões das Nascentes e Existe Água em SP, entre outros, e de blocos carnavalescos, como Peixe Seco e Água Preta (segue o percurso do rio homônimo). E não é só em São Paulo que as águas estão em evidência. Belo Horizonte, Curitiba, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Recife têm seus movimentos de revitalização dos rios.

Voltando à placa da Dr. Seng com a rua Rocha, o adendo não é obra do poder público, que evitou sancionar um projeto para agregar esse tipo de dado. A observação sobre a Bacia do Saracura chegou ali na forma de um adesivo – impresso pelos ativistas Luiz de Campos, geógrafo, e José Bueno, arquiteto – fixado durante uma expedição guiada pela dupla que percorreu a região em busca de fontes e córregos sob o asfalto. “Essa é uma área repleta de nascentes que se encontram para formar os córregos Saracura Pequeno e Grande. Eles se unem na altura da Praça 14 Bis e formam o rio Saracura, escondido sob a avenida 9 de Julho”, explica Campos. É a tal Bacia do Saracura.

“FOMOS EDUCADOS PARA NÃO VER ÁGUA EM SÃO PAULO, MAS EXISTE MUITA ÁGUA AQUI” – LUIZ DE CAMPOS, geógrafo, da iniciativa Rios & Ruas

“Não falta água em São Paulo, o que falta é a percepção dela”, assegura o arquiteto Bueno. Em 2010, ele conheceu Campos e ficou muito impressionado com as revelações sobre a rica rede de rios subterrâneos da cidade. Bueno, que também é educador e mestre de aikidô, viu aí uma oportunidade para vivenciar o aprendizado e a emoção em tempo real. “Sério que São Paulo tem mais de 300 rios escondidos? Rola de ir até um deles?”, perguntou. Campos levou-o para dar uma volta pelos arredores do local onde mora, no Butantã, com a intenção de acompanhar o trajeto de um pequeno córrego, da nascente à foz.

“Estudo o assunto desde 1995, quando ouvi de um colega de faculdade que havia muito mais água aqui do que se podia imaginar. Não acreditei e fui pesquisar”, diz o geógrafo. Durante o passeio, Campos foi explicando ao amigo novato que precisava educar o olhar para ver a natureza por baixo do asfalto – as ruas sinuosas, as vielas, os bueiros, as pequenas matas de taioba que crescem em terreno molhado, indícios de um rio coberto. Num dado momento, o geógrafo enfiou a mão na terra úmida, virou, mexeu e achou um veio do Iquiririm (rio silencioso, em língua tupi). “Encontramos a primeira nascente a 300 metros da minha casa, e depois muitas outras”, conta Bueno. Quatro anos depois, os dois voltaram à região com um mutirão para abrir o veio d´água, plantar em volta, colocar peixes. Com a mudança, sapos e pássaros retornaram ao lugar, que se transformou em uma área de piquenique e passeio. “Agora, vamos fazer calçadas”, diz Campos.



Em 2010, o arquiteto e o geógrafo fundaram a iniciativa Rios & Ruas, que procura religar os paulistanos com as águas da cidade e sua história promovendo atividades prazerosas. Vale colar adesivo em placa, fazer expedições, documentários, escavações de nascentes e até correr – em 2014, a dupla inventou um circuito de corrida de rua que passa pelas nascentes do rio Ipiranga, pelo centro histórico, Vale do Anhangabaú e margens do Tietê. A prova está na terceira edição. “Fomos educados para não ver água em São Paulo, mas existe muita água aqui”, diz Campos. Outro conceito que norteia a dupla é a necessidade de trazer os rios à tona, para serem usufruídos, e assim mudar o mapa da cidade. “Mas, antes, os rios têm que ficar limpos na cabeça das pessoas”, diz Bueno.

“EM VEZ DE TERMOS 80 % DE UMIDADE RELATIVA DO AR, O QUE SERIA NORMAL, EM SÃO PAULO AS ILHAS DE CALOR FAZEM A UMIDADE CAIR A 15%” – TÂNIA PARMA, arquiteta e urbanista

Além da revitalização das nascentes e dos rios, os defensores das águas se empenham em fazer vir à tona as informações sobre os cursos d’água e as redes de abastecimento e tratamento de esgotos. “Antes de 2012, quando a prefeitura publicou o primeiro mapa atualizado da rede hidrográfica, não havia nada. A gente desenhava o percurso dos rios a partir de mapas mais antigos e do que via”, conta o geógrafo Luiz de Campos. Desse mapa oficial constam 286 cursos d’ água nomeados dentro do município.

Hoje, porém, Campos acredita que podem existir mais de 600 córregos e rios em São Paulo. A necessidade de compartilhar tudo que aprenderam em seis anos de atividade levou Bueno e Campos a se aproximarem de dois artistas especializados na criação de ambientes interativos para museus e mostras educativas. O videoartista Charles Oliveira e o cineasta Alexandre Gonçalves, do Estúdio Laborg, estavam há mais de um ano juntando fotos, vídeos, documentos e muitas histórias sobre águas que o tempo levou. Bueno e Campos ajudaram a amadurecer a compreensão de tantos dados e viraram parceiros da exposição Rios Des.Cobertos, com estreia marcada para o final deste mês de setembro, no Sesc Vila Mariana, em São Paulo.

A obra é integrada por uma maquete que reproduz em detalhes a geomorfologia da área central da cidade. Sobre ela, que pesa quase 300 quilos, serão projetados vídeos, mapas e fotos, ao som de depoimentos, histórias, músicas. Nesse clima de imersão, o visitante poderá ver como os veios d’ água escorrem pelas encostas da avenida Paulista para formar rios canalizados que deságuam no Tietê ou no Pinheiros. Poderá também se surpreender com a influência das águas nos nomes dos bairros. “Ibirapuera quer dizer madeira podre”, conta Charles, que, lendo, descobriu uma infinidade de bicas no centro da cidade. “Algumas ainda estão lá”, diz. O cineasta Alexandre também ficou tocado pelo trabalho. “Procurando água sob o asfalto, achamos uma cidade com morros, várzeas e cachoeiras que desapareceu junto com os rios, mas começa a ser redescoberta”, diz ele. “A metrópole é uma obra aberta, e tudo o que acontece aqui é por vontade das pessoas.” Verdade. E essa vontade muda. Premissas que pareciam modernas e adequadas aos engenheiros da década de 1950 – como remover das cidades toda água de rios e córregos e abrir grandes avenidas para acolher a expansão automobilística e imobiliária – hoje são questionadas pela urgência em melhorar a qualidade de vida nas cidades do século XXI.

O casal de arquitetos Tânia Parma e Massafumi Yamato, de São Paulo, destina parte do seu tempo ao estudo de soluções para tornar a vida urbana mais sustentável. Desde 1999, eles investigam o traçado das nascentes e dos rios de São Paulo junto com o geógrafo Guilherme Schultzer. Seu objetivo com esse levantamento é encontrar meios de reverter a ocorrência das ilhas de calor, uma alteração climática que se manifesta, especialmente, nos períodos mais frios quando há longa temporada sem chuva. “Onde se forma uma ilha de calor há uma elevação de temperatura de cerca de 7º Celsius, em média. Mas a diferença pode alcançar 10º ou 12º em relação a áreas menos povoadas e com mais vegetação na periferia da cidade”, explica Yamato, que ensina Urbanismo na Escola da Cidade, em São Paulo.

Essa variação traz outros danos. Com a elevação de temperatura, partículas em suspensão no ar são atraídas, o que aumenta a poluição e leva à queda da umidade relativa do ar. “Em vez de termos 80% de umidade relativa do ar, o que seria normal e bom para a saúde humana, em São Paulo as ilhas de calor fazem essa umidade cair a 15%, o que é muito ruim. Isso ocorre em locais como o Pari, a Lapa, o Bixiga, entre muitos outros bairros”, explica a urbanista Tânia. O alcance estimado desse fenômeno, que é influenciado também pelos ventos, é de 30 quilômetros ao redor do ponto mais alto da cidade, a avenida Paulista. A saúde é duramente afetada. “Nesses períodos, os pronto-socorros ficam lotados de crianças e adultos com problemas respiratórios”, atesta o médico Igor Polônio, chefe do ambulatório de Pneumologia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Dessa categoria fazem parte as rinites, sinusites, gripes, bronquites e a pneumonia.

A origem das ilhas de calor urbanas está na concentração de grandes populações em áreas muito adensadas, repletas de prédios, com vegetação escassa, excessiva impermeabilização do solo (asfaltamento e calçadas) e poluição. Pensando numa maneira de reverter essa situação, os arquitetos decidiram se concentrar no bairro do Bixiga, que soma todas essas características. A ideia era gerar um modelo a ser aplicado em outras áreas, ajustado conforme suas especificidades. Com os mapas na mão, Tânia e Yamato perderam a conta de quantas vezes subiram a ladeira da rua Rocha, que identificaram como parte de uma grota – espécie de anfiteatro natural onde estão as nascentes que irão alimentar os rios Tietê e Pinheiros e as que formam o córrego Saracura Pequeno, que foi canalizado. O coração do projeto é criar ali um pequeno parque de recuperação ambiental urbano, com cerca de dois quilômetros de extensão.

Os arquitetos propõem a abertura das nascentes, a renaturalização do córrego (removendo a canalização para que volte a correr a céu aberto) e a manutenção de uma intensa vegetação nas encostas do rio (a mata ciliar). O efeito desse rearranjo é potente. “Essa mudança promove um aumento da retenção das águas das chuvas e maior infiltração no solo, o que controla os pontos de alagamento, reduzindo o potencial para enchentes, que chamamos de áreas críticas ambientais. O aumento de permeabilidade, retenção e arborização restaura a evapotranspiração das plantas, devolvendo a umidade do ar”, explica Tânia.

Tudo isso leva a temperaturas mais amenas, melhorando a qualidade do ar e a saúde respiratória. “A soma de pequenas ações, como a renaturalização do córrego no Bixiga, pode dar excelentes resultados”, diz a arquiteta. “Se você fizer isso com todas as nascentes que vão para os rios Tamanduateí, Pinheiros e Tietê, teremos uma reversão do processo.” Em 2014, uma versão mais encorpada do projeto foi uma das oito propostas premiadas no concurso Ensaios Urbanos, organizado pela prefeitura e o Instituto dos Arquitetos do Brasil para a discussão de mudanças na lei de zoneamento da cidade e seu plano diretor. Além do estudo do caso do Bixiga, o projeto adaptou o modelo para os bairros da Pompeia, Aclima- ção e Cambuci e incluiu a proposta de criação de microáreas de preservação ambiental urbanas. “Não adotaram exatamente o que sugerimos, mas o projeto serviu de referência para uma mudança que elevou de 15% para 25% a taxa de permeabilidade do solo”, explica Yamato.

Significa que 25% do terreno dos projetos de construção aprovados a partir de 2016, quando foi publicada a lei, deve ser de piso permeável para garantir que a água possa se infiltrar no solo. A medida não pareceu incomodar construtoras que atuam na zona oeste da cidade. “A lei de zoneamento é dinâmica, e vai se aprimorando ao longo do tempo”, diz Yamato, que espera ver a proposta integralmente implementada.

Em suas múltiplas formas, o ativismo em defesa das águas tem também uma ala que prefere atuar de maneira anônima. É uma turma que sai pela cidade em busca de nascentes para serem abertas e transformadas em laguinhos e fontes, mas quer distância da imprensa. Esse pessoal só concordou em falar à Brasileiros com a garantia de que não publicaríamos seus nomes. “É uma medida preventiva. Queremos evitar que o deslumbramento da microfama corroa a relação entre os envolvidos”, resume um dos integrantes, um professor de escola pública de 40 anos. Na Vila Romana, por exemplo, eles escavaram perto de um morro até achar uma fonte que vivia apenas na memória de moradores mais antigos. Restaurada, ela virou ponto de encontro. Histórias como essa podem ser lidas no site desses ativistas anônimos, o hezbolago.wordpress.com. Ali, eles registram cada passo de suas ações e discutem a cidade que temos e a que queremos. “Em vez de sofrer São Paulo, precisamos viver São Paulo”, diz um dos anônimos caçadores de nascentes.

AQUI PASSAVA UM VIADUTO. E ELE FOI IMPLODIDO
O descaso com os rios não é privilégio brasileiro. Dados da Comissão Mundial das Águas apontam que os 500 maiores rios do planeta estão poluídos. Porém há exemplos inspiradores de investimento na limpeza e revitalização de rios como o Sena (França), o Tâmisa (Reino Unido), o Tejo (Portugal) e o Reno, que cruza seis países europeus. De todos esses, talvez seja a renaturalização do rio Cheong Gye Cheon, em Seul, na Coreia do Sul, a que guarda mais semelhanças com o que acontece em São Paulo. Na década de 1950, todo o esgoto de cerca de dez milhões de pessoas era despejado diretamente no rio Cheong Gye Cheon, que representava um grande problema de saneamento e foi canalizado.

Em 1968, a área por onde ele corrria se tornou um centro comercial e seu leito cedeu lugar a um viaduto gigantesco, com seis pistas. Trinta e cinco anos depois, a cidade passou por um importante processo de reurbanização. E ainda que alguns moradores lamentassem o fim das vias expressas, o viaduto foi implodido em 2003 para que as águas do rio voltassem a correr a céu aberto. Em quatro anos, o rio foi completamente limpo e hoje é uma das mais belas paisagens de Seul, com praças, luzes, fontes, peixes, exposições e até gente lavando roupa. A recuperação dos 5,8 quilômetros desse rio custou cerca de US$ 370 milhões e veio associada à implementação de uma nova política de transporte público e a criação de parques lineares, para aumentar a quantidade de áreas verdes. Como consequência da intervenção, a temperatura da cidade caiu 3,6°C.

Nos Estados Unidos, a reabertura do rio Saw Mills, que fica em Yonkers, um subúrbio de Nova York, também revigorou a região. Fechado em galerias na década de 1920, 70 anos depois o rio havia se tornado um depósito de metais pesados, como cádmio e mercúrio, despejados pelas indústrias ao redor. Em 2010, porém, também como resultado de uma intervenção urbana e de pressão da comunidade, voltou a correr ao ar livre por 250 metros, configurando uma disputada área de lazer e moradia. Evidentemente, ações como essas dependem do comprometimento do poder público com mudanças ambientais. Mas tudo começa pelo entendimento do poder transformador que o resgate dessas águas pode ter nas nossas vidas.

COMO ABRIR NASCENTES

Em geral, elas estão em lugares altos ou terrenos inclinados, como barrancos. Mas, para encontrá-las e se certificar de que o achado é mesmo um veio de água, é preciso que reúnam algumas características. Caso contrário, existe a possibilidade de que a água escapando da terra seja o vazamento de cano. Para evitar esse dissabor, o geógrafo Luiz de Campos, da iniciativa Rios & Ruas, tem dicas importantes: “Uma nascente tem um fluxo de água mais ou menos constante chegando à superfície. Quanto à temperatura, você terá a sensação de que ela está fresca em dia quente e morna em dia frio. Outro indício é a presença de musgo ao redor dessa água. A água tratada e clorada impede que o ele cresça.

“A existência de plantas como a taioba e a taboa, que preferem terrenos encharcados, também sugere a proximidade de uma nascente”, diz Campos. Todas essas pistas devem estar presentes. A etapa seguinte é a abertura da nascente. É importante observar se não há uma rede de drenagem sob a água e ver por onde a água da nascente será escoada. “Toda água que entra tem que sair”, diz Campos. E é bom arrumar o local antes do fim da escavação, para conquistar a comunidade. Enquanto uns cavam, outros fazem o paisagismo e colocam peixes para comer as larvas de mosquito. A medida é essencial em tempos de dengue, zika e chikungunya.

ÁGUAS RESGATADAS

O ativismo em defesa das águas está mudando a cara da metrópole paulistana. Conheça algumas situações

PRAÇA DA NASCENTE, POMPEIA
Em 2013, a área começou a ser revitalizada por um coletivo de moradores e ativistas, o Ocupe & Abrace. Onde antes havia lixo e relatos de violência, surgiu um laguinho ao redor da nascente do córrego Água Preta. Hoje, o lugar tem intensa atividade cultural e social

BICA DA VILA ROMANA
Guiados pelas dicas de antigos moradores, ativistas encontram na rua Bárbara Heliodora, na Vila Romana, uma bica que passou décadas enterrada. A perfuração teve início em junho de 2015. A população local passou a cuidar da fonte, que virou um ponto de visitação

LAGOS DA VILA SÔNIA
As nascentes que formam os sete lagos criados na Praça José Oria, na Vila Sônia, em 2015, são de um córrego desaparecido dos mapas oficiais desde 1930. Trata-se de um afluente canalizado do Pirajussara, um dos rios mais importantes da cidade e que corre sob a avenida Eliseu de Almeida, no Butantã

PARQUE DA FONTE DO PEABIRU
No Morro do Querosene, a 30 minutos da avenida Paulista existe um terreno de 39.000 m2 em estado de abandono. Ali há resquícios de Mata Atlântica e as nascentes do rio Peabiru. A luta pela criação de um parque para preservar esse tesouro mobiliza a comunidade há mais de 15 anos

CÓRREGO DO JARDIM BOTÂNICO
Canalizado por décadas, o córrego Pirarungáua, afluente do histórico Riacho do Ipiranga, foi reaberto em 2008. A construção de uma passarela e a recuperação da vegetação nativa transformaram-no na mais nova atração do Jardim Botânico de São Paulo

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Sites Paulistanos

Blog da Paisagem
https://blogdapaisagem.wordpress.com/
Quando a Cidade Era Mais Gentil
https://quandoacidade.wordpress.com/
São Paulo Antiga
http://www.saopauloantiga.com.br/

Mapa Muda SP

O Movimento Urbano de Agroecologia de São Paulo (Muda SP) disponibiliza um mapa com a localização de hortas, além de feiras e restaurantes com alimentos orgânicos.

Lixo

Revitalização da Região da Antiga Rodoviária na Luz - SP

A área onde funcionou o Terminal Rodoviário da Luz entre os anos 1960 e 1980 vai receber 1.200 apartamentos com caráter de interesse social (renda familiar até R$ 6 mil) e mercado popular (até R$ 10 mil).
As unidades são voltadas para quem trabalha no Centro. O objetivo é aproximar a população do trabalho e ainda ajudar a revitalizar a região hoje conhecida como Cracolândia.
A utilização do terreno para as obras foi autorizada em março de 2016 pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), que transferiu a posse do terreno da Secretaria da Cultura para a Secretaria da Habitação.
Trata-se de mais uma etapa da Parceria Público-Privada (PPP) da habitação no centro expandido, que prevê a construção total de 14 mil unidades no Centro e em bairros próximos.
Segundo o governador, o projeto contribui para a reocupação do Centro, região que concentra quase um quinto dos empregos da cidade, mas tem poucos habitantes (cerca de 3% do total da cidade). Aproximar a população do trabalho "melhora a mobilidade e a segurança", disse Alckmin.
O governador também destacou as vantagens do projeto na área cultural. Isso porque o projeto contempla a instalação da Escola de Música Tom Jobim, que atualmente funciona em um prédio alugado. Além disso, um terreno anexo receberá uma creche, comércio e serviços
Alckmin também assinou projeto de lei enviado à Assembleia em regime de urgência para permitir que o terreno seja considerado uma contrapartida do estado na PPP.

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

David Rumsey Map Collection

David Rumsey Map Collection Link: http://www.davidrumsey.com/

Órgão Responsável: David Rumsey é Presidente da Cartography Associates, uma empresa de publicação digital com sede em San Francisco, e é Diretor do Luna Imaging, um fornecedor de software empresarial para coleções de imagens on-line.

Síntese: David Rumsey começou sua coleção de mapas há 30 anos e seu foco principal são mapas históricos do século XVI ao século XXI do mundo todo. A coleção inclui atlas, mapas de parede, globos, livros de geografia escolar, mapas de bolso, livros de exploração, cartas marítimas, mapas para crianças, mapas de viagem e mapas manuscritos. Itens variam em data de cerca de 1550 até o presente. A digitalização dos mapas começou em 1996 e até agora são cerca de 71.000 itens catalogados e disponíveis on line gratuitamente.

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Exemplo de Navegação pelo Luna Browser - atlas da União Soviética de 1967 traz detalhe de Rio de Janeiro e São Paulo (os metadados ficam à esquerda do mapa)
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Exemplo de Navegação pelo Google Maps - Brasil de 1842